24 outubro, 2006

O Amigo da Onça

A seis dias do segundo turno das eleições, setores da mídia dão sinais da anunciada derrota de Geraldo Alckmin na disputa para presidente da República. O próprio tucano não sabe mais qual o discurso utilizar nos debates. Debates que, aliás, tem feito bem ao presidente Lula, pois a cada novo confronto, de idéias e programas de governo, Lula adquire firmeza e fala com a autoridade que os números lhe atestam. No caso do tucano, o papel de franco atirador, que, em muito, lembra aquele personagem... o Amigo da Onça, não tem mostrado resultado. E por falar em amigo da onça, em outro posto escreverei sobre a então implosão aos planos de Serra presidente por parte do ex-governador. O que vemos é um candidato atônito que se sustenta em afirmações do tipo "eu vou fazer", "eu vou cortar" e "choque de gestão". Se apenas chavões resolvessem, não seria necessário programa de governo, mas apenas um "presidente bravata". A vantagem de 21 pontos, segundo o Ibope, de Lula sobre Alckmin não é fruto do acaso. Passado o primeiro turno, temos uma nova campanha e apenas dois candidatos. Atrás, é mais fácil desqualificar as pesquisas.Apesar da tão propagada e não menos defendida liberdade de expressão, é nítida a postura de determinados veículos e jornalistas. Alguns dirão que a vantagem do petista aponta a pauta para determinada direção e que os veículos seguem esta bússola. Concordo, mas também concordo que, ao longo do primeiro turno, a "imprensa" tinha uma candidata: Heloisa Helena (PSOL). Acreditavam ser a resposta para a vantagem de Lula. Mais tarde, constatou-se que a candidata tirava votos, principalmente, do tucano.A imbecilidade do dossiê deu o tom, e o discurso, para os últimos dias que antecederam o primeiro turno. O estrago foi evidente. A quem o dossiê beneficiaria, passou à margem e quem pagou o pato, popularmente falando, foi Lula. Acredito que apenas o iG, pois não vi em nenhum outro site ou veículo, colocou no ar a gravação de um delegado da PF negociando com alguns a divulgação das fotos do dinheiro apreendido com petista para a compra do dossiê. Eis o link.Frente a esta grande deixa, o tucano adaptou seu programa: o dossiê contra Serra virou o dossiê contra Alckmin.Inflaram a candidatura do tucano, mas ele não resistiu às primeiras pesquisas. Com as intenções de voto ampliadas a cada levantamento, a candidatura do tucano volta ao papel que deveria ocupar na disputa do segundo turno.Faltou objetividade e imparcialidade aos principais setores da imprensa. Afinal, o dossiê em nada beneficiaria Lula. Mas isso é um detalhe. Não se chuta cachorro morto. A reeleição de Lula estava praticamente assegurada no dia 1º, mas os fatos e a forma como foram explorados pela imprensa podem ser a resposta para parte dos 39.968.369 de votos de Alckmin.

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