24 outubro, 2006

Mais do mesmo

O terceiro debate realizado, ontem à noite, na Record, entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), pelo segundo turno das eleições presidenciais foi uma repetição dos confrontos anteriores, inclusive na retomada do tom agressivo pelo tucano ("Mentira!") e na comparação que o presidente faz de seu governo com os oito anos de FHC.
Muitos dizem que o debate é o espaço propício para a discussão de programas de governo, mas na prática ocorre exatamente o contrário. Ao candidato que está no governo, cabe sempre a dura tarefa de responder sobre todos os problemas seculares do Brasil que não resolveu em seu mandato e as conquistas que obteve são inferiores ao que "poderia ter sido". Ao adversário, resta uma certa e cômoda posição de cobrar e prometer. Sei que isto faz parte do jogo. "Vou fazer!", "Vou cortar!", "Vou reduzir juros!", "Vou reduzir a carga tributária!" etc.
Ou seja, todas as promessas se encaixam em seu programa de governo e sempre cabe mais uma. É como se ele pudesse, a toque de mágica, criar um novo Brasil. Tudo "só" com palavras, apesar delas também refletirem a intenção. Vão-se as eleições, os presidentes, afinal, após a redemocratização do Brasil, seis nomes passaram pela Presidência da República (Tancredo Neves, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, FHC e Lula), mas os problemas estruturais, fruto da colonização, de elites dominantes (apesar do desgaste do termo) e de mentalidades arcaicas e retrógradas, continuam.O discurso do tucano já foi usado por outros adversários, que, ao chegar ao poder, fizeram o quê? Criavam a cada dia um novo plano econômico? Hiperinflação, confisco da poupança, desvalorização? Justiça seja feita, rotina quebrada por FHC com o Plano Real, base para a política implementada pelo governo Lula, com amplo foco para o crescimento econômico, distribuição de renda, inclusão social, recuperação da indústria etc.Em debate, muitas vezes, o que mais conta é a forma, aliás, forma é o que interessa à TV.

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