26 outubro, 2006

Base no Congresso será crucial para 2º mandato

Caso os resultados das pesquisas eleitorais se comfirmem, o presidente Lula terá imensa dificuldade em formar, não vou nem dizer sólida, base de apoio no Congresso. O sucesso de seu novo mandato passa diretamente pela divisão de poder com outras legendas, pela negociação de políticas públicas e pelo compartilhamento de recursos orçamentários e de cargos. Para pôr em prática este último, terá de cortar muitos cargos e ministérios nas mãos de petistas. E, ao que tudo indica, isto não será´problema.

A maioria dos problemas de seu primeiro mandato passou pela falta de uma base coesa de apoio ao governo, coisa que Fernando Henrique Cardoso conseguiu ao longo de seus dois mandatos, principalmente enquanto o deputado Luis Eduardo Magalhães (PFL-BA) estava vivo e desempenhara, primeiro, a função de líder do PFL e, mais tarde, a presidência da Câmara. Com a morte do pefelista, a situação mudou, mas, mesmo assim, o PSDB tinha maioria no Congresso, pois sempre contou com o apoio "incondicional" do PFL.

Veja abaixo a composição do novo Congresso após a eleição do dia 1º de outubro:


O presidente Lula admitiu, durante seu último comício, realizado quinta-feira (25), na Capela do Socorro (SP), os erros de seu governo, mas ressaltou que o País está melhor do que em 2002, quando assumiu a Presidência. "Reconheço que nós tivemos coisas erradas, mas com tudo de errado que nós fizemos, o País melhorou de forma extraordinária se comparado com o governo dele (Fernando Henrique)", disse ao se despedir de cerca de 7 mil pessoas na Zona Sul. "Esqueçam as pesquisas eleitorais. Peguem as pesquisas de avaliação do governo, que são as melhores dos últimos 15 anos ."

O segundo mandato, de um modo geral, para qualquer que seja o cargo, torna ainda mais sensível e tendenciosa a correlação de forças. Afinal, como não há a reeleição do ocupante do cargo, muitos sentem-se livres para os mais diversos tipos de atitudes, seja não cumprindo acordos, negociando interesses particulares, lançando candidaturas e, por aí, vai... Teoricamente, é quando o poder está vago, o ocupante do cargo impedido de disputar e os demais nomes vão para uma eleição praticamente em igualdade de condições, apesar de contar muito o apoio de um presidente, governador ou prefeito.

Com todas estas "oportunidades" no ar, como segurar "aliados" ávidos pelo poder. O presidente precisará de muito jogo de cintura para manter o controle de sua base. E, no caso de Lula, esse controle será testado todos os dias ao longo dos próximos quatro anos.

Que o primeiro mandato sirva de lição e os erros cometidos ao miturar governo e partido não se repitam.

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