Vamos retroceder um pouco no tempo. Logo em que surgiram as denúncias de que o presidente do Senado, Renan Calheiros, teria despesas particulares pagas por um lobista de empreiteira, a imprensa só inquiria Renan sobre a origem dos recursos repassados a uma jornalista com a qual teve uma filha. Alguns dias depois, o mesmo probo senador era a fonte para repudiar as críticas do presidente da Venezuela, Hugo Chaves, ao Senado brasileiro.
Entendo perfeitamente que uma das pessoas mais aptas a ser ouvida neste caso era, claro, o presidente do Senado. A meu ver, só existe um problema nesta equação: é a mesma pessoa. No caso, um senador sob investigação do Conselho de Ética. Mas, para a imprensa, neste momento, as denúncias eram irrelevantes, e Renan estava amparado moralmente para defender o Senado brasileiro.
Como? Não dá para dissociar as figuras. Qualquer pessoa mais esclarecida, no mínimo, estranharia a mesma altivez dos jornalistas na inquirição sobre Chaves e sobre as denúncias feitas por uma revista contra o senador. Ou seja, de manhã, o senador tinha suas contas questionadas, e à tarde, expressava com altivez a fúria dos senadores.
Cadê o senso crítico dos jornalistas que cobrem Brasília? Com certeza, não faltaria pessoas capacitadas para defender o Senado que não o seu presidente. Mas os jornalistas nada diferenciaram.
Passada a fúria, nada injusta, contra o presidente da Venezuela, de volta à denúncia, Renan tenta manter-se no cargo sob a blindagem de seus pares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário